PRÊMIO O FUTURO DA TERRA Notícia da edição impressa de 17/08/2012

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Ilsi Boldrini: O desafio da preservação do Pampa

http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=101300

Ilsi Boldrini acompanha de perto a vegetação do bioma e mantém 
diversas ações voltadas à preservação

Cenários típicos do Rio Grande do Sul, os campos e a pecuária ajudam a 
compor o imaginário coletivo quando o assunto são as tradições locais. 
O sinal de alerta, entretanto, já foi aceso. O Pampa está hoje entre 
os biomas brasileiros mais devastados, ocupando o segundo lugar em um 
ranking nada positivo, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente. 
Apenas a Mata Atlântica é menos preservada no País que os campos 
gaúchos. É uma realidade que preocupa e dá o tom do enorme desafio que 
se tem pela frente.

Em muitas áreas, o campo foi removido e substituído por lavouras, de 
soja em solos mais secos, e de arroz nas regiões mais úmidas. Essa 
prática também tem levado a um aumento da contaminação do solo e da 
água, já que no cultivo dessas lavouras são usados defensivos agrícolas.

A silvicultura, que é o cultivo de pinus, eucalipto e acácia, é outra 
atividade econômica que passou a ser realizada nesse bioma nos últimos 
anos. E também trazendo como resultado muitas perdas. ?No Cerrado, 
estão substituindo a vegetação florestal por pastagens cultivadas, e 
aqui no Estado as pastagens naturais estão tendo que dar lugar para 
lavouras de árvores. A inversão da aptidão econômica dos biomas não 
faz sentido e não é sustentável, pois não é a vocação dessas áreas?, 
critica Ilsi Boldrini, professora associada do Instituto de 
Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). 
Segundo ela, a manutenção da vegetação campestre é dependente de uma 
pecuária extensiva e bem manejada.

Ilsi acompanha há muitos anos a vegetação do bioma Pampa e vem 
desempenhando um importante papel nas ações de preservação, 
especialmente na formação de recursos humanos conscientes sobre a 
importância destas atividades. No Brasil, o Pampa é exclusivo do Rio 
Grande do Sul, porém, tem continuidade de flora, fauna e estrutura no 
Uruguai, leste da Argentina e sudeste do Paraguai. Enquanto que nos 
demais biomas a predominância é a floresta, o Pampa tem como matriz 
principal a vegetação de campo, entremeada por mata ciliar nas margens 
dos rios e, ainda, árvores isoladas.

?A vegetação campestre é mais antiga do que a florestal e, 
consequentemente, muito rica e diversa. Como é formada por vegetação 
baixa, composta predominantemente por gramíneas, aos olhos de um leigo 
parece muito monótona.

Por isso sempre foi pouco valorizada?, observa a pesquisadora. O Pampa 
só foi reconhecido como bioma em 2004 e, até então, a Mata Atlântica, 
a Caatinga, o Cerrado e a Amazônia sempre foram privilegiados em 
termos de recursos para a realização de pesquisas. A vegetação de 
campo até era estudada, mas sob o ponto de vista da Mata Atlântica. 
Hoje, segundo a professora, já existe uma mudança em curso, na medida 
em que os órgãos de fomento passaram a publicar editais para os 
pesquisadores poderem desenvolver ações voltadas exclusivamente para 
esse bioma. Apesar da perda de 64% da sua cobertura original, o Pampa 
ainda contabiliza cerca de 2,1 mil espécies vegetais campestres, um 
indicativo da sua alta biodiversidade.

Pesquisadora orienta alunos e técnicos ambientais

Ilsi Boldrini está na Ufrgs desde 1975 e, já no ano seguinte, começou 
a ministrar aulas na Faculdade de Agronomia. Na época, ela trabalhou 
muito próxima aos agrônomos, procurando orientá-los nas suas 
atividades no campo. Ela também é diretora-executiva da Associação 
Sócio Ambientalista (IGRÉ).

Atualmente, a formação de recursos humanos é uma das suas atividades 
principais. Com mestrado em Botânica e doutorado em Zootecnia, a 
pesquisadora atua no programa de pós-graduação em Botânica da Ufrgs e 
orienta estudantes na área de taxonomia, cujo foco é a identificação 
das plantas, nesse caso, de vegetação campestre. Esse trabalho rendeu 
frutos. Em parceria com os estudantes de pós-graduação, foram 
elaborados livros que falam da diversidade do Pampa, caso do ?Bioma 
Pampa – diversidade florística e fisionômica? e ?Campos dos morros de 
Porto Alegre?. O objetivo é informar a população sobre a necessidade 
de conservação do bioma, diz a pesquisadora. Outro trabalho de 
conscientização que vem sendo feito é junto aos técnicos de 
instituições municipais e estaduais.

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