Foi realizada no dia 15/12 em São Leopoldo, uma bela reunião do Comitesinos, no entender do representante no colegiado do Movimento Roessler para Defesa Ambiental, Eng. Agrônomo Arno Kayser, também presidente da entidade que integra a APEDEMA.
O Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos é formado por inúmeras entidades governamentais, empresariais, da sociedade civil organizada da região. Veja a composição.
Para o Arno, a questão do uso de água da bacia hidrográfica, em tempos de seca, foi debatido civilizadamente. O ponto enfocado foi a revisão do acordo sobre a altura do crivo das bombas e a interrupção da captação de água do para o arroz.
O IRGA expôs dados sobre pesquisas que comprovam a redução do consumo d’água na lavoura e as companhias apresentaram a idéia de elevar para 0,90 m o crivo da bomba para determinar a suspensão da captação. As decisões foram transferidas para a próxima reunião do Comitê prevista para dia 23/12.
Kayser comenta que mantém a fé no diálogo como saída. Entende que todos os setores devem colaborar e defendi na reunião que também a Corsan entre num esquema de racionamento para que toda a população do Vale aprenda que a coisa esta ficando difícil na região. Não me parece justo que só a população de duas cidades sofra os efeitos da seca, afirmou.
Informa também que defendeu a idéia de que se faça uma ação de crise condicionada a uma reavaliação desta ação em março de 2012 quando passar o verão e a época de maior consumo – senão, só voltaremos a discutir o problema na próxima seca. Considerou que será um momento melhor para pensar ações de médio prazo dentre as outras propostas que surgiram nos últimos dias.
Arno Kayser disse ainda:
Esta crise deve servir para conscientizar a população. Nunca é demais lembrar que neste ano passamos do maior índice de chuva em um mês nas últimas décadas no mês de julho para uma seca forte em questão de 100 dias, disse, ainda. Temos que nos preparar melhor para os tempos dificeis que se avizinham na perspectiva da continuidade dos efeitos das mudanças climáticas.
Temos que fazer uso mais eficiente das nossas águas e repensar a ocupação do solo de modos a acabar com o processo de impermeabilização nas cidades. As obras de alargamento de arroios como a do Luiz Rau pode em pouco tempo se revelar insuficientes se seguirmos ocupando morros e banhados e tapando o solo das cidades.
Temos que continuar recuperando as margens de rios com florestas ciliares; temos que continuar buscando tratar todo esgoto cloacal; temos que começar a pensar em guardar água ao nível das propriedades agrícolas e fazer com que ela entre mais no solo no campo e na cidade também. Um metro quadrado de solo pode reter uns 500 litros de água se ela conseguir entrar nele e seguir liberando por semanas mesmo depois de uma seca. Nos 4 mil km² do Vale do rio dos Sinos podemos reter uns 2 milhões de m³ nesta caixa d’água natural.
O que se faz com planos diretores que protejam melhor áreas estratégicas que além de produtoras de água também são fundamentais para proteger a biodiversidade da região dentro e fora d’água.
Na esfera política temos que superar os impasses que impede a consolidação do sistema de recursos hídricos para que ele atue de fato apoiando as decisões dos comitês e encaminhando ações. E que avance o debate do plano Sinos. Precisamos disto para que os oportunistas de plantão percam o espaço para seus shows midiáticos e soluções de fato se efetivem.
Por isto é fundamental que se preserve a capacidade de articulação democrática centralizada no Comitesinos, trabalhando por propostas que sejam razoáveis para todos a fim de que não se perca a esperança neste caminho. Do contrário estaremos nos dividindo e perdendo a perspectiva macro da situação e nos confundido pensando só na nossa parte da questão e perdendo a possibilidade institucional de construir coletivamente nosso futuro dentro dos limites que os recursos naturais da região nos oferecem e, ao mesmo tempo, protegendo a nossa natureza tão bonita.
(especial para a APEDeMA RS)