Governo Federal aprova 42 novos agrotóxicos e já chega a 249 só em 2019

Mantendo o ritmo recorde de aprovações de agrotóxicos, o governo liberou, nesta segunda-feira (24/6/2019) mais 42 venenos no mercado brasileiro, totalizando 239 desde o começo deste ano.

Sobre isso, Marina Lacôrte, coordenadora da campanha de Alimentação e Agricultura do Greenpeace considera que a posição do governo no tema dos agrotóxicos tem sido uma afronta não somente ao meio ambiente, mas também uma ameaça à saúde da população e à própria produção agrícola, e afirma:

O governo vem passando por cima da opinião pública e de órgãos de saúde, colocando em prática o pacote do veneno com simples canetadas. Já passamos de 200 aprovações de agrotóxicos neste ano, o país está inundado de veneno. Dos novos produtos liberados há um novo ativo, inédito no Brasil, muito tóxico a organismos aquáticos. Já os outros produtos são variações de substâncias já aprovadas, que em nada agregam ou vão em direção à um cultivo mais sustentável. Podemos produzir sem agrotóxicos, em equilíbrio com o meio ambiente e respeitando a saúde das pessoas. Porém, cada vez mais venenos chegam à mesa do povo brasileiro e mais insustentável fica nossa agricultura, tornando-a inviável no longo prazo. Isso é escandaloso”.

A análise completa dos produtos pode ser encontrada aqui

INFORMAÇÕES GERAIS

  • Pelos atos publicados no Diário Oficial da União de primeiro de janeiro até o mais recente, em 24 de junho de 2019, o governo liberou 239 produtos novos produtos no mercado Brasileiro;
  • O novo ato traz a liberação de um produto à base do ingrediente ativo Florpirauxifen-benzil – uma molécula nova no país. Para esse I.A. não há monografia aprovada no site da ANVISA e nenhum produto registrado no Sistema de Agrotóxicos Fitossanitário (Agrofit). Ele ainda não tem seu uso aprovado na UE e de acordo com as informações disponíveis, ele pode provocar reações alérgicas na pele e é considerado muito tóxico à organismos aquáticos, com efeitos prolongados;
  • Assim como nas outras liberações, o volume de liberações acumulado desde 1º de janeiro demonstra uma grande aceleração e um ritmo inédito de aprovações, quando comparamos o que aconteceu na última década.
  • Dos 42 produtos liberados no último ato, 18 são classificados como extremamente ou altamente tóxicos. Já olhando o total das liberações ocorridas em 2019, 43% são altamente ou extremamente tóxicos;
  • A toxicidade das liberações vão na direção contrária dos argumentos usados pela Ministra da Agricultura Tereza Cristina e pela bancada ruralista de que a flexibilização na liberação de novos produtos permitiria agilidade no registro de moléculas menos tóxicas;
  • De todos produtos liberados até agora, 31% são de agrotóxicos não permitidos na União Européia;

Número de agrotóxicos aprovados nos anos da última década, de 01 de janeiro até 24 de junho:
Em 2019, 239 produtos;
Em 2018, 193 produtos (422 no ano);
Em 2017, 166 produtos (405 no ano);
Em 2016, 90 produtos (277 no ano);
Em 2015, 62 produtos (139 no ano);
Em 2014, 57 produtos (148 no ano);
Em 2013, 50 produtos (110 no ano);
Em 2012, 80 produtos (168 no ano);
Em 2011, 52 produtos (146 no ano);
Em 2010, 36 produtos (104 no ano).

  • Dos novos produtos liberados, os seguintes chamam a atenção:
    • Tiodicarbe – não é um ingrediente ativo novo no Brasil mas é a primeira aprovação de um produto com o ingrediente em 2019. Tem seu uso banido na UE desde 2007 e é classificado como letal se inalado (H330) e ainda altamente tóxico aos organismos aquáticos (H400);
    • Hexazinona – outro ingrediente ativo também banido na UE, desde 2002. O novo ato traz 07 produtos à base desse I.A. Ele é considerado nocivo se ingerido (H302), provoca irritação ocular grave (H319) e ainda é muito tóxico à organismos aquáticos (H400);
    • 2,4-D – classificado como extremamente tóxico (Classe I – ANVISA) e provável carcinogênico (2B- IARC), esse ingrediente é um herbicida normalmente lembrado como um dos ingredientes do desfolhante Agente Laranja, utilizado pelos EUA na Guerra do Vietnã. Mesmo em 2019, ele ainda segue polêmico: em Abril, produtores da fruticultura gaúcha reclamaram perdas estimadas em R$ 100 milhões por conta do uso do 2,4-D no RS – principalmente na viticultura destinada à produção de vinhos;
  • Além dos 239 agrotóxicos já liberados, há 440 novos pedidos de registro acatados pelo novo governo. Se o ritmo de liberação seguir assim, podemos encerrar 2019 com novo recorde de aprovação de agrotóxicos, superando 2018 (maior registro de aprovações até então).

Fonte: Imprensa da Greenpeace Brasil.

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