Cerca de 30 golfinhos mortos já foram registrados em Florianópolis em 2024

Equipe do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) recolhe golfinho morto encontrado na Praia Brava, em Florianópolis (Foto: Laíza Castanhari/R3 Animal)
Neste anoo, 31 golfinhos mortos foram registrados nas praias de Florianópolis até agora (11/11), conforme balanço realizado pela Associação R3 Animal, executora do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS). O caso mais recente ocorreu em 1º de novembro, quando um golfinho do gênero Stenella foi identificado morto na Praia Brava, no norte da ilha.
A equipe do projeto de monitoramento recolheu o animal e o encaminhou para necropsia no centro de reabilitação da R3 Animal, localizado no Parque Estadual do Rio Vermelho. Tratava-se de um golfinho adulto com 1,94 m de comprimento. Porém, devido ao avançado estágio de decomposição, a causa da morte não identificada.
Profissionais do PMP-BS/R3 Animal realizam monitoramento diário em praias de Florianópolis, com o objetivo de resgatar animais marinhos debilitados e encaminhá-los para atendimento veterinário, além de recolher carcaças de animais marinhos mortos. A depender do estágio de decomposição, é realizada a necropsia para obter informações sobre a espécie e as condições da morte.
Ameaças humanas
Em 2024, 45,5% dos golfinhos encaminhados para necropsia apresentavam sinais de interações humanas, sendo que 60% dessas interações estavam relacionadas à pesca. Outros fatores como ingestão de resíduos sólidos (lixo) foram identificados.
Esses dados ajudam a investigar as principais ameaças à fauna marinha, como a chamada “captura incidental”, que acomete animais não alvos da pescaria, mas que interagem com petrechos de pesca e acabam afetados. Em muitos casos, os animais morrem no mar e encalham nas praias.
“A interação com atividades pesqueiras representa um risco significativo para essas espécies, resultando em capturas incidentais que ameaçam suas populações. Golfinhos ficam presos em redes de pesca, sofrem ferimentos graves ou até morrem”, explica Emanuel Ferreira, oceanógrafo e gerente operacional do PMP-BS/R3 Animal.
Entre os golfinhos registrados mortos em 2024, 71% eram toninhas (Pontoporia blainvillei), uma pequena espécie de golfinho criticamente ameaçada de extinção, segundo lista nacional do ICMBio. Esses animais habitam águas costeiras e rasas, onde estão frequentemente expostos a interações humanas.
Um exemplo foi uma toninha encontrada morta no dia 27 de julho, na Praia do Moçambique, que apresentava lesões e hematomas compatíveis com interação com rede de pesca. A necropsia apontou afogamento como causa da morte. Segundo a equipe veterinária da R3 Animal responsável pelo exame, é provável que o animal tenha ficado preso na rede e não conseguiu subir à superfície para respirar, ocasionando ao afogamento.
Sobre o PMP-BS
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural da Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama. Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos.
O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. A Associação R3 Animal executa o Trecho 3 que corresponde a Florianópolis.

Em muitos casos, golfinhos morrem no mar e encalham nas praias; interações antrópicas como pesca incidental são uma das ameaças (Foto: Laíza Castanhari/R3 Animal)

 

Material de divulgação // Laíza Castanhari R3 Animal

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Editor

Jornalista, Porto Alegre, RS Brasil.

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