Biólogo afirma que compensações já realizadas não são suficientes para recompor a vegetação que havia na Redenção

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O Biólogo Daniel Meyer protocolou no Ministério Público Estadual nesta sexta-feira notícia sobre o fato de possivelmente ter havido apenas 40 mudas plantadas no Parque Farroupilha, em Porto Alegre, conhecido como Redenção, ao longo dos últimos anos quando poderiam ter sido plantadas mais de 1.645 conforme critérios de compensação adotados por inúmeros municípios brasileiros e Instrução Normativa estadual.

Junto à notícia, Daniel anexou fotos realizadas também nesta sexta (4/10/2025) de cada um dos 329 tocos de troncos de árvores. AgirAzul.com publica algumas.

Para o biólogo, o Parque Farroupilha (Redenção), “é uma área verde de importância ímpar e estratégica, contribuindo para mitigar as consequências que as ilhas de calor provocam em áreas contíguas, densamente povoadas”. Afirma, que “o parque promove a absorção da água da chuva em demasia; é um refúgio para a vida silvestre, assim como é um local para a prática de lazer e desportiva, contribuindo para a melhor qualidade de vida da população.”

Entre as causas da diminuição da cobertura vegetal do parque de, pelo menos, 329 espécimes, Daniel observa que este número é resultado do esforço pessoal de catalogação realizada e “os resquícios de caules arbóreos/arbustivos são decorrentes de quedas por tempestades, comprometimento do caule por questões fitopatolóticas e finalização do ciclo de vida do vegetal, dentre outros”.

Também relatou no material entregue ao MP que “pelo menos nos últimos 10 anos, houve uma compensação com o plantio de apenas 40 mudas de árvores, o que deixa clara a quantidade insuficiente de novas mudas plantadas”. São 33 plantadas conforme informação juntada ao expediente 01304.006.657/2025-MPRS, entre 18 e 20 de dezembro de 2024, e mais sete por iniciativa da própria Prefeitura Municipal.

Conforme a Instrução Normativa nº 1/2018 da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, “nos casos de compensação por plantio de mudas, a quantificação da RFO deverá ser efetuada com base no volume da matéria-prima florestal gerada e no número de árvores a serem suprimidas, considerando os dados dendrométricos, a extensão da área de manejo, e quando se tratar de compensação ambiental por área equivalente a estrutura e o estágio sucessional das florestas nativas. § 1º O cálculo do número de mudas para a RFO, originado de licenciamento para corte de vegetação nativa, dar-se-á no montante de 15 (quinze) mudas para cada exemplar de árvore nativa suprimida, com diâmetro à altura do peito (DAP) igual ou superior a 15 (quinze) centímetros.”. RFO significa reposição florestal obrigatória.

Daniel propõe um calculo de 5 reposições para cada árvore retirada ou morta — 329 x 5. À reportagem, relatou que a sua preocupação e a de inúmeros usuários “é que o parque está ficando sem vegetação — muitos leigos vem reparando e se questionando sobre isso…“.

Perguntado pela reportagem se o Município poderia alegar que não se trata de vegetação nativa conforme o conceito da Instrução Normativa, Daniel esclareceu que a maioria é nativa, havendo alguns espécimes de espécies exóticas, como pinus e eucaliptos. Para o biólogo, “a compensação da vegetação poderia ser feita ao lado de árvores que foram suprimidas e também em certos vazios vegetais que o parque vem apresentando”.

Daniel escolheu não se identificar para a entrega do material ao MP.

A Redenção – Veja no Google a localização do Parque Farroupilha, ou Redenção, praticamente no centro de Porto Alegre.

AgirAzul.com está à disposição do Município para complementar a matéria com a sua versão dos fatos.

Redação do Jornalista João Batista Santafé Aguiar  Assine o Canal do AgirAzul.com no WhatsApp – todas as notas publicadas aqui e algumas mais no seu celular. Link para contatos e envio de materiais para o AgirAzul

Editor

Jornalista, Porto Alegre, RS Brasil.

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