Por Angela Escosteguy*

A Mesa Redonda O futuro do Pampa e da pecuária no RS, ocorreu esta semana, durante a Expointer, promovida pela da Comissão da Pecuária Orgânica do Conselho de Medicina Veterinária/RS. Foram tratados temas ligados aos desafios que incluem mudanças climáticas, perda de biodiversidade, segurança alimentar e importância da pecuária.


O objetivo do evento foi discutir o contexto atual, onde nossos biomas, em especial o Pampa vem perdendo sua vegetação natural principalmente pelo avanço das monoculturas, notadamente a soja e, mais recentemente a silvicultura. Dados do MapBiomas revelam que, entre 1985 e 2022, o Pampa gaúcho perdeu aproximadamente 3 milhões de hectares, uma redução de 30% em quatro décadas. O uso agrícola do solo para o cultivo de soja expandiu-se em 2,1 milhões de hectares, enquanto a silvicultura (pínus e eucalipto) registrou um aumento de mais de 720 mil hectares no período, correspondendo a um crescimento de 1.667%
A Mesa Redonda, moderada por Angela Escosteguy, reuniu um painel diversificado de debatedores, representativos de distintas esferas do conhecimento e atuação:

— Agnaldo da Silva (FETAG)
— Jonas Wesz (Secretaria de Desenvolvimento Rural)
— João Batista Santafé Aguiar (ARI – Associação Riograndense de Imprensa)
— Guilherme Aydos (Associação de Criadores de Búfalos)
— Leonardo Guimarães (EMATER/RS-ASCAR)
— José Fernando Lobato (FARSUL)
— Valério Pillar (Rede Campos Sulinos)
— Fernando Silveira (UFRGS)

Benefícios da pecuária
No debate foi ressaltada que no Pampa, a importância da pecuária bem manejada não só gera valor econômico e nutricional, mas também atua como aliada fundamental na conservação do bioma e de sua rica biodiversidade, incluindo espécies silvestres ameaçadas. O manejo adequado do gado em pastagens contribui para a integridade ambiental e a rentabilidade. Os dejetos animais, ricos em nutrientes e matéria orgânica, são essenciais para a saúde do solo, promovendo a ciclagem de nutrientes e a decomposição da matéria orgânica. As pastagens, por sua vez, oferecem uma série de serviços ecossistêmicos vitais, como a captura e estocagem de água, recarga de aquíferos, captura e estocagem de carbono e habitat de centenas de animais silvestres, incluindo polinizadores.
Para Angela Escosteguy “a criação de gado aqui no RS constitui a principal atividade agropecuária há quase quatro séculos, historicamente coexistindo em harmonia com a fauna e flora nativas. Essa atividade tem sido fundamental para a geração de alimentos, trabalho e renda, além de fornecer uma ampla gama de produtos e serviços. A capacidade dos bovinos e outros herbívoros de fertilizar o solo e transformar pastagens e folhas, impróprias para o consumo humano, em produtos de alto valor agregado como carne, leite, couro, lã, fertilizantes e energia, é um testemunho de sua eficiência biológica”.

Próximos passos
Foi ressaltado que é urgente adotar medidas para reverter a degradação do Pampa e promover a pecuária a campo bem manejada com manejo de base agroecológica. Além disso, é fundamental também, concomitantemente, informar a sociedade sobre a importância da pecuária para nosso Estado rebatendo a narrativa que a pecuária contribui para o aquecimento global e que os alimentos de origem animal devem ser substituídos por alimentos de base vegetal ou os ultraprocessados cultivados em laboratório.
- A autora Angela Escosteguy é Médica-Veterinária , Diretora do IBEM.
Material divulgado originalmente em https://ibem.bio.br/na-expointer-debate-sobre-a-importancia-e-futuro-do-pampa-e-da-pecuaria/, com edição.
