A real situação do Pampa não é aquela mostrada pelo Governador do RS durante a COP30

A real situação do bioma Pampa frente à Carta do Governo do Rio Grande do Sul sobre o bioma para a COP 30

Marcada por generalidades e pretensos resultados positivos da ação governamental no bioma, a Carta do Bioma Pampa apresentada pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul para discussões na COP 30 se destaca pelas omissões.

Omite que o bioma Pampa perdeu 3,8 milhões de hectares ou 30,3% de sua vegetação nativa no período de 1985 a 2024, o que representa a maior perda proporcional de
vegetação nativa nos últimos 40 anos dentre todos os biomas brasileiros’;

Omite que a expansão da soja, em sua maior parte para exportação, é fator determinante para a perda de vegetação campestre, tendo passado de 827 mil hectares em 1985 para 4 milhões de hectares em 2024; também a silvicultura, para atender o mercado exportador de celulose, passou de 44 mil hectares em 1985 para 738 mil hectares em 2024′;

Omite que a conservação dos campos naturais do Pampa sob uso pastoril para produção pecuária tem balanço neutro na emissão de gases de efeito estufa (GEE) e que a conversão para lavoura de soja e eucalipto aumenta as emissões de GEE;

Omite que considerar uma “agricultura de baixo carbono”, com cadeias de produção de soja, arroz e silvicultura projetando emissões líquidas zero e sequestro de carbono, sem incluir nesta conta todos seus impactos socioambientais e ciclo completo da cadeia produtiva, é reduzir as crises sistêmicas que nos encontramos à uma métrica do carbono que não promove as necessárias mudanças urgentes e radicais no modelo de produção do agronegócio (principal responsável pelas emissões brasileiras – 75% – e gaúchas – 66,5% – considerando as emissões do setor e a mudança do uso do solo).

Omite que o Estado está comprometido com a revisão (flexibilização) do mapa hídrico do Estado, já denunciado na Carta Aberta da Coalizão pelo Pampa em 2022, situação que irá agravar a crise hídrica, comprometendo tanto a quantidade de água disponível como a qualidade das águas devido a diminuição das áreas de preservação permanente.

Omite que o Pampa é o bioma com o menor percentual de área protegida em unidades de conservação do país, com apenas 2,8% de seu território e que nenhuma unidade estadual foi criada desde o ano de 2014. Além disso, também omite que o atual governo do Estado pediu a suspensão do projeto de criação do Parque Nacional do Albardão, localizado em área do Pampa, a fim de beneficiar empreendimentos eólicos.

Veja a íntegra em link abaixo.

Editor

Jornalista, Porto Alegre, RS Brasil.

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