Parque da Harmonia: MP recomenda à Prefeitura de Porto Alegre planos de mitigação e monitoramento de ruídos e que as obras tenham licenciamento ambiental

A promotora de Justiça Annelise Monteiro Steigleder assinou Recomendação à Prefeitura Municipal de Porto Alegre na noite desta quarta-feira (ver abaixo o texto integral) para que deixe de ser concedida autorização dos eventos Festival Rap in Cena e Festival Turá no Parque da Harmonia antes da empresa concessionária apresentar um plano de mitigação e outro de monitoramento de ruídos durante os eventos.

No último domingo, o som de um show realizado no local foi ouvido em vários bairros de Porto Alegre. Tanto a Brigada Militar como a Prefeitura Municipal foram acionados pelos telefones 190 e 156, respectivamente, para que interviessem determinando a paralisação do evento, e responderam às pessoas que ‘havia autorização’ e que não poderiam “fazer nada” a respeito, conforme manifestações junto aos meios de comunicação de Porto Alegre.

A titular da Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre também recomendou que o Parque da Harmonia seja objeto de licenciamento ambiental de regularização sob condições para proteger a fauna e a flora silvestres, para controle das emissões sonoras associadas aos eventos e para o manejo dos resíduos sólidos que venham a ser gerados no parque.

A Promotora Annelise fixou um prazo de 15 dias para uma resposta por escrito da Prefeitura sobre se a recomendação foi seguida ou não. Caso a recomendação não seja seguida, diz o próprio documento, poderão ser adotadas medidas legais e judiciais, “objetivando-se, inclusive, a punição dos responsáveis, além da responsabilização civil por eventuais danos que ocorrerem”.

O Festival Rap in Cena está previsto para outubro (ver). O Festival Turá, para novembro (ver). O responsável pela SMAMUS – Secretaria do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade do Município tem dito em todas as oportunidades possíveis que toda a legislação vem sendo seguida.

Manifestação da Promotora

Annelise observou ao AgirAzul.com que não houve licenciamento ambiental preventivo às obras realizadas pela concessionária no local — “Tem muitas situações que agora a gente está observando, como a questão das árvores, a questão da fauna silvestre, também a questão do ruído, que foi o que me incentivou a fazer de uma vez essa Recomendação porque esse evento que teve no domingo gerou muitíssimas reclamações aqui para o Ministério Público”. Também afirmou que já existia um outro inquérito civil em andamento sobre um evento realizado em 2022.

E como não teve licenciamento ambiental dessa concessão, da questão das obras, é um parque temático que vai receber eventos de grande porte com muito público”, continuou. Entende que não é possível ter um inquérito civil a cada evento e por isso é recomendado haver um licenciamento.

Considerou ainda que se trata de uma concessão de 35 anos e que o Município, através do licenciamento, “possa ter um olhar amplo para todas as atividades que têm potencial de causar impactos na região”. Então, “na largada, é muito importante que se consiga ter uma adequada gestão dos riscos associados a essa atividade“, observou.

Abaixo a íntegra do documento contendo doze ‘considerandos’ em que são citadas a legislação aplicável e o histórico da questão sonora e da falta de licenciamento ambiental embora as obras ali projetadas sejam de ‘grande porte’.

Texto do jornalista João Batista Santafé Aguiar, editor do AgirAzul.com. Autorizada a reprodução, citada a fonte. Para envio de materiais, críticas, corrigendaspágina de contatos. Mais sobre o editor em http://www.joaobatista.jor.br.

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