No último dia 3/2/2015, representantes da coordenação da APEDeMA/RS – a federação das entidades ambientalistas gaúchas, das afiliadas AGAPAN – Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, do INGÁ – Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais, do MAB, do MOGDEMA, e outras entidades viajaram para Porto Mauá, fronteira noroeste do Rio Grande do Sul, e lá participaram da audiência pública sobre o licenciamento do projeto da Usina Hidrelétrica de Panambi, integrante do Complexo Garabi-Panambi.
O projeto da Usina Panambi pretende viabilizar a produção de 1048 MW e, se construída, afetará mais de 100 km ao longo do rio Uruguai. A audiência pública foi chamada pelo Ministério Público Federal, com sede em Santa Rosa, com a participação do Ministério Público Estadual do RS.
O objetivo da viagem foi apoiar e subsidiar as comunidades que poderão vir a ser atingidas pela construção da Usina de Panambi e da Usina de Garabi, na Argentina, e também a ação proposta pelo Ministério Público (nas alçadas Federal e Estadual) na Justiça Federal para impedir a expedição de licença ambiental pelo IBAMA, diante dos impactos na Unidade de Conservação do Turvo, o que foi concedido liminarmente pelo magistrado Rafael Lago Salapata (ver notícia completa a respeito).
Poderão ser atingidos 19 municípios brasileiros e uma população de 8 mil pessoas, afetando, também, o Parque Estadual do Turvo aonde situa-se o Salto de Yucumã, maior queda d ‘água longitudinal do mundo, viabilizando o desaparecimento de diversas espécies da fauna e da flora locais, ameaçadas de extinção em toda a região, como a onça, a anta, o dourado, e as espécies da flora restritas às margens dos rios.
Os representantes das entidades – Eduíno Mattos, Paulo Brack e Edi Fonseca, questionaram nas suas falas perante o público de mais de mil pessoas presentes o valor inestimável da perda das histórias e das memórias dos habitantes locais: energia para quê? Energia para quem ???
Foram a Porto Mauá o Eduíno Mattos, pela APEDeMA/RS, a Edi Fonseca, pela AGAPAN, Paulo Brack e Karin Potter, pelo INGÁ, Eduardo Ruppenthal e Francisco Kuwer, pelo MOGDEMA, entre outros.
Veja fotos do evento e o panfleto distribuído.
Fotos de Edi Fonseca.
Tania Jamardo Faillace disse:
9 de fevereiro de 2015 às 17:42
O modelo desenvolvimentista de estilo megalômano tem os mesmos resultados em todo o mundo, no Egito (Assuá) como no Brasil e onde mais se for fazer levantamentos.
Não há necessidades desses mega-empreendimentos construtivos, com mega-barragens, para mega produção de energia elétrica para negócios de pouca ou nenhuma utilidade social, e desmonte dos recursos naturais, e da produção de alimentos (a única produção realmente vital da sociedade humana).
Que tal mudar as cabeças, os modelos? Pensar a sério não só nos meios alternativos de produção de energia elétrica, mas na própria finalidade de tanta energia para usos fúteis? E, principalmente na redução de escala, na diversificação e na descentralização.
Falava-se muito disso nos anos 70 a nível de América Latina. Que foi que aconteceu? Engavetaram-se os projetos? Pessoal da área universitária, que ainda estiver vivo (somos todos velhos agora), deve saber onde foram guardados e arquivados esses estudos, debates e projetos para uma infra-estrutura alternativa (ainda em papel, provavelmente, a menos que, tempos depois alguém os tenha achado e digitalizado.
Os prefeitos querem dinheiro, os empresários, também. Saúde e equilíbrio ambiental… lixam-se eles. Alimentação também consideram de somenos importãncia. E êxodo rural e amontoamento humano nas cidades também estão acostumados.
Há que se resistir.
Tania Jamardo Faillace
jornalista e escritora de Porto Alegre, RS