Crise climática é pauta de curso para jornalistas em Porto Alegre

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Por Eloisa Loose*

Como melhor cobrir a emergência climática? Com a finalidade de ampliar e qualificar a discussão na imprensa local, o ClimaInfo, juntamente com o Centro Polar e Climático e a Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação, ambos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com apoio do Instituto Clima e Sociedade, realizou na manhã desta quinta-feira, dia 31, a primeira parte do curso “O papel do Jornalismo no contexto da crise climática” em Porto Alegre.

A iniciativa contou com a participação de 21 jornalistas de diferentes faixas etárias e áreas de atuação dos principais de veículos de comunicação de Porto Alegre e Vale do Sinos. Esse curso só foi possível graças ao apoio do Instituto Clima e Sociedade, que acreditou na minha ideia de fazermos essa capacitação na capital gaúcha. Também vale lembrar o empenho da Sandra Damiani, que produziu diversos cursos para a ANDI e da força da Ilza Girardi, vice-diretora da Fabico e da Eloísa Loose, pesquisadora de jornalismo ambiental.

A proposta é discutir pautas e abordagens para tornar mais frequente e contextualizado o debate das mudanças do clima na escala local. Para tanto, experts no assunto foram convidados para aproximar a linguagem técnica e as várias facetas desse fenômeno complexo do cotidiano das pessoas, além de apresentar conexões entre o clima e seus efeitos em praticamente em todas as áreas, como economia, agricultura, saúde, educação. Todo curso está sendo moderado por mim, com a utilização da ferramenta POX, pra promover mais interatividade.

Délcio Rodrigues, diretor do Instituto ClimaInfo, destacou aspectos que já não suscitam dúvidas entre os cientistas, como a certeza de que as mudanças climáticas são reais, decorrentes das ações humanas e que seus impactos já atingem populações vulneráveis. Para o especialista, a boa notícia é que já temos muitas tecnologias para auxiliar nas reduções de emissões de gases de efeito estufa, como a geração de energia eólica e solar, e a mobilização do setor financeiro para investir em uma economia de baixo carbono.

A pesquisadora em comunicação do clima, Eloisa Beling Loose, apresentou uma síntese do que as pesquisas na área mostram sobre a cobertura do tema, ressaltando a falta de link entre as escalas local e global, além da dificuldade de representar visualmente a crise climática. “As fontes locais são importantes para agendar o tema no debate público em âmbito municipal e estadual, onde os efeitos são sentidos na pele, embora as fontes nacionais e internacionais sejam as mais recorrentes”, assinala.

Partindo da paisagem da capital gaúcha, o professor do Instituto de Geociências da UFRGS Rualdo Menegat chamou atenção para colocarmos as cidades no centro de nossas atenções, afinal, “nosso mundo é urbano”. A reflexão relacionou o lugar onde vivemos com os impactos das mudanças do clima, que tendem a se intensificar, nossa percepção sobre o ambiente e formas de adaptação, já trabalhadas por Menegat em Porto Alegre por meio dos Laboratórios de Inteligência do Ambiente Urbano.

Ao final da manhã, a promotora de justiça Ana Maria Moreira Marchezan sublinhou os desafios da correta aplicação do direito ambiental e lembrou que o estado do Rio Grande do Sul tem uma lei específica, a Lei Estadual 13.594, de 2010, que institui a Política Gaúcha sobre Mudanças Climáticas. A promotora conclui sua fala afirmando que “a imprensa tem o dever de ajudar na formação da opinião pública assim como o Ministério Público tem o de provocar o poder judiciário para a responsabilização civil e criminal dos agentes que contribuam com o aumento das mudanças climáticas”.

O curso terá mais uma parte amanhã, a partir das 8h30, e contará com a presença de pesquisadores do Centro Polar e Climático da UFRGS, do professor Francisco Aquino, e do jornalista Claudio Angelo, atual coordenador de comunicação do Observatório do Clima em São Paulo.

  • Com colaboração de Silvia Marcuzzo

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